20060425

 
história em voz alta ou uma breve história do tempo

muito que comprazia-se em ficar-se por alí: nada a fazer.
alí no meio do nada, nenhum problema haveria decerto, pois sim.
era a santa paz. era o cúmplice anonimato do não-ser.
onde não há o não também não pode haver o sim, meditava-se em sua tranquilidade agitada por uma tica trova de pensamentos que aparecia quando em vez.
e logo voltava à calma e então de novo: nada.
quando tentava agitar uma minúscula porção de movimento já a sabedoria confidenciava: psssss! e de novo calmava-se, as marolas descansadas desfaziam-se, o amplo espaço se mostrava claro de volta enfim.
surgiu então, desta toda calma, o personagem: um ente.
veio logo todo um ser: se opôs, propôs, brigou! mexeu-se, clamou, violentava o tempo em sua ânsia de. criava situações, ações, buscava os outros, percorria afoito os campos e vastos, maldizia, provocava, desesperava-se pela falta de. indo ainda agitou-se, clamou aos céus, inventou um deus só para poder blasfemar.
já era, mas ainda queria ser mais. não contentava. bem de dentro sabia que não dava, mas tentava, tentava, lutava e chegou a chegar menos longe.
era pouco.
não durou e nem podia. passou um tempo e o tempo ficou, sem a personinha nervosa que foi-se.
no fim não era nada que o tempo mesmo não dê jeito.
e o tempo voltou então e quando viu tudo o que havia
já era aqui, de novo agora.







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