20060411

 
alice no país dos espelhos

nesta cidade as pessoas realmente não importam: só importa aquilo que se fala delas. e cada habitante só pode falar dos outros, nunca de si mesmo.
sendo assim passa-se um dia inventando e o outro dia difundindo pelos cantos remotos da cidade boatos sobre seus vários desafetos, lendas sobre seus ídolos
para depois colhê-los de volta da boca de seus conhecidos.
as pessoas vivem dentro das histórias e vivem para as histórias que inventam.
e assim ninguém mais sabe mais quem exatamente é aquela pessoa sentada à sua frente:
poderia ser um tirano, de acordo com um, ou um asceta de acordo com o outro.
em um processo evolutivo a melhor versão de uma pessoa passa a ser a mais difundida e alguém que começou como copeiro pode terminar prefeito.
e pouco a pouco os habitantes vão esquecendo de si, e vão acreditando nas histórias que os outros contam sobre si.
e de si mesmo, ninguém fala
nem pra si mesmo.










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Comentários:
Oi, Daniel.
Graças à reportagem da Folha estou aqui. Adorei. Parabéns. Geralmente não tenho paciência. Vc despertou minha vontade de ler. E pensar. Valeu!
 
brigadim :)
 
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