20060714
meu processo criativo ou como salvador dalí salvou a minha sanidade
então um dia eu achei que fosse ficar louco. e logo depois eu conheci o método paranóico-crítico. esse método consiste basicamente em transformar as próprias neuroses e delírios em Arte. quando você dá um passo para trás e consegue enxergar a sua visão de mundo como uma mera criação mental muitas coisas acontecem: a consciência sai fortalecida, a pessoa já não se ilude tanto com os outros e nem consigo mesmo.
e principalmente você põe a sua maquininha de fabricar neuroses, você põe a usina sugadora de energia que todo mundo tem dentro de si para trabalhar a seu favor, a favor da criação.
e uma última coisa: esses personagens que eu estou descrevendo são caricaturas, tá bom?
são misturas de pessoas que eu conheço, são completas ficções as vezes, são exorcismos sobre pessoas que de alguma forma me feriram ou me incomodam ou simplesmente me fascinam. a vida é a matéria da minha arte mas o que eu crio é sempre uma distorção do mundo ao meu favor. o mundo de alguém que cria gira sempre em torno do próprio umbigo, é natural que seja assim. o criador é um xamã, mexemos com energias poderosas, temos que nos fortalecer.
e que mal há em uma pessoa gostar apenas de si mesma? muita gente é assim e não se incomoda. muita gente que é assim acaba virando um exemplo para os outros, viram ídolos, são cultuados, salvam a auto-estima das pessoas enfraquecidas.
a gente gosta ou desgosta das pessoas a partir do que elas fizeram ou significam para nós mesmos. você é o centro do universo. mas todo o resto das pessoas também é, como a esfera de pascal.
e não há nenhum juízo de valor nestas descrições caricatas, simplificadas. são apenas esboços filtrados pela minha consciência e pelo meu delírio.
e como já dizia Nietzsche, o libertador: abaixo com o demônio da gravidade.
e como já dizia Ítalo Calvino, o sonhador: leveza!
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Marcadores: redesenhas, umbigo
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