20060420

 
estragão, vladimir e a cidade do agora eterno

"Esta foi uma cidade que me causou um sentimento um tanto ambíguo", disse Marco Polo ao grande Khan, "pois nela as pessoas pareciam felizes em sua desgraça."
E continuou narrando ao Khan as características daquela cidade perdida:
Nesta cidade as pessoas não possuem memória. Elas vivem em um presente eterno. Não existem distinções de classes e nem tampouco existem posses individuais e nem coletivas. Quando sentem fome elas vão em busca de comida como se fossem animais selvagens, geralmente em bandos. Elas também não possuem um idioma, se comunicando com grunhidos e gestos óbvios. Mas apesar disso é uma cidade com grandes construções, imensos palácios e jardins. Em algum momento da história desse povo um grande cataclisma psicológico deve ter acontecido e todos se igualaram no vazio. O que teria acontecido?
A maior parte do tempo eles simplesmente existem: andam em bando, ou em casais, e estão sempre se acariciando, se beijando, se tocando, sempre cuidando um do corpo do outro. Talvez esta seja a única linguagem que eles possuem: a das trocas físicas, corpóreas.
E apesar da ausência de memórias, ou talvez apenas por isso, é uma cidade que vive em paz.







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